Adivinhar a decisão é difícil, mas saber o onde Mercado está fazendo suas apostas já é meio caminho andado.
Todos dias ocorrem flutuações nas curvas pré-fixadas decorrentes da expectativa da
mudança da taxa SELIC pelo COPOM. Isso pode ser verificado nas curvas de juros obtidas a partir dos contratos de derivativos negociados diariamente pelo Mercado.
Estas variações implicam nas expectativas dos agentes participantes do Mercado. Mas eles estão achando o quê?
Utilizando um processo de avaliação de probabilidades sobre possíveis alterações na taxa SELIC, é possível inferir estas apostas do mercado.
Para este modelo, são usadas as curvas de juros obtidas a partir da taxa SELIC atual, dos contratos de DI da B3 e das taxas referenciais de swap's pré-fixados em reais, todos negociados na data de avaliação. De posse destas curvas e das datas de reunião do COPOM, estabelece-se uma avaliação de taxas forward (taxas do futuro para o futuro) a fim de se determinar uma possível variação da taxa SELIC. Unindo os vários cenários deste processo, obtém uma expectativa média e as probabilidades de cada cenário.
Isto não equivale ao que o Comitê decidirá, mas ao que o Mercado acredita que será decidido.
Com base nas informações do dia 27 de junho as expectativa são:
Taxa SELIC atual: 13,75% a.a.
Decisão de Agosto/23:
Decisão de Setembro/23:
Decisão de Novembro/23:
No cenário mais provável, entraríamos no Natal com uma SELIC de 13,75% - 0,25% - 0,50% - 1,00% = 12% a.a. Será?
Atualizaremos semanalmente as expectativas e lançaremos um relatório regular com a base histórica dessas mudanças. Ainda há muitos tópicos a serem observados e fatores que interferem nessas expectativas, o importante é ter em mente como as apostas estão sendo trabalhadas no curto prazo.
Recentes considerações indicam que o CEP (Código de Endereçamento Postal) tem maior influência sobre a expectativa de vida do que a própria genética (BID em https://lnkd.in/dcG3wEH6).
Temos que considerar que o CEP tem relação direta com renda, mas parece que a renda não é o único fator.
Do ponto de vista do ESG (socioambiental e climático), o CEP é muito importante, pois determina nossa zona de influência ou, em termos bem simplificados, como nos conectamos com o nosso entorno.
O serviço do EcoRisk ESG (https://ecorisk.com.br) incorporou este conceito com a utilização de áreas de influência genérica. Como novidade, passamos a utilizar as áreas de influências específicas, mais restritas e diretamente relacionadas ao CEP da pessoa física ou jurídica.
Confira seu rating em https://ecorisk.com.br. É gratuito.
Um ano após a discussão sobre inflação - parte II (https://blog.duxus.com.br/2021/11/13/risco-de-base-e-o-futuro-da-inflacao-parte-ii/), algumas variáveis ficaram mais claras.
O comportamento do IGP-M não ficou estável (e não era esperado que ficasse mesmo). A inflação do "atacado" ou do "dólar" continuou a subir antes de ceder um pouco por deflação (linha azul sólida mais grossa).
A inflação pelo IPCA demonstrou mais inércia para refletir os preços já impactados no IGP-M. Ou seja, a inclinação da linha translúcida amarela é menor do que a projetada há um ano, mas confirmou uma velocidade "constante" de contaminação (últimos 24 meses) no IPCA e permitiu a projeção de uma nova linha translúcida amarela, sob a qual o IPCA (linha amarela sólida mais grossa) parece trafegar.
Com a alteração das projeções surgem os novos horizontes para a inflação.
As linhas vermelhas continuam sendo as linhas de convergência entre os índices de inflação, real (sólida) e projetada (translúcida).
Considerando o mesmo “V” anterior, mas ainda menos simétrico e, novamente, a anulação do risco de base entre os índices agora para dez/2025, ainda teríamos um IPCA médio de aproximadamente 8% ao ano.
Isso mesmo. 8% ao ano pelos próximos 3 anos.
A eleição? O governo anterior? O governo eleito?
Não. Não. E não.
É a pandemia e o ajuste forçado ou desorganizado que causou na relação de preços dos ativos no mundo inteiro.
Não é uma inflação endêmica, do Brasil. É uma inflação pandêmica, do mundo.
Nada. Na verdade, não piorar o futuro através de incertezas, inseguranças ou excesso de gastos públicos (déficit público), pois isso causará desvalorização cambial e mais inflação do "dólar", com mais inflação do "real".
Um superávit parece fora de cogitação no momento.
O governo eleito enfrentará 20 a 25% de inflação nos primeiros anos de mandato e não há nada para ser feito.
Não piorar gastos públicos parece ser um dos paliativos, mas não tem sido este o noticiário.
Estamos nesta jornada desde 2002. Muitos obstáculos superados, muito esforço, muito investimento.
95% de transpiração e 5% de todo o resto.
Mas valeu a pena. Vale a pena.
Obrigado a todos que nos auxiliaram a chegar aqui. Simplesmente, obrigado.
Na primeira discussão sobre inflação (https://blog.duxus.com.br/2021/01/18/riso-de-base-e-o-futuro-da-inflacao/) foi apresentado o descolamento e atraso "naturais" do IPCA em relação ao IGP-M. A conclusão foi que teríamos inflação mais alta medida pelo IPCA dali para frente. Agora, vamos continuar nesta análise.
O gráfico apresentado agora mantém os conceitos da análise anterior, sendo:
Há três variações de intensidade da linha, sendo:
Pelas linhas médias do gráfico (parte real II), observa-se que o IGP-M "terminou" sua trajetória de alta e o processo de convergência do risco de base "iniciou" a propagação da inflação para o IPCA. Ainda em termos gráficos, o IGP-M está nivelando ou assumindo sua inclinação estrutural enquanto o IPCA está aumentando sua inclinação em relação ao seu comportamento estrutural.
Resumindo, o risco de base está começando a se ajustar com o aumento da inflação percebida pelo IPCA.
Como o descolamento acumulado (risco de base) entre os índice de inflação ainda está muito grande, o futuro não parece promissor para o IPCA.
Considerando o IGP-M estável daqui para frente, ou seja, inflação zero (linha grossa azul), e considerando uma trajetória relativamente simétrica de recomposição do risco de base ("V" das setas em vermelho), pode-se estimar o IPCA para 2022 e 2023 como algo perto de 15% ao ano. Isso mesmo, 15% ao ano por 2 anos!
Considerando um "V" menos simétrico e a anulação do risco de base apenas em 2024, ainda teríamos um IPCA médio de 10,5% ao ano. Isso mesmo, 10,5% ao ano por 3 anos!
É claro que são muitas premissas para se precisar o nível de IPCA para os próximos anos, mas, seguramente, ele não será baixo.
Este tipo de análise não corrobora para eficácia de aumento de taxa de SELIC pelo COPOM (CÔmite de POlítica Monetária).
Isto porque não é uma inflação de demanda ou oferta tradicional, mas um repasse de custos para uma cadeia produtiva e de serviços que já opera há quase 2 anos (contando apenas a pandemia) ou há quase 5 anos (contanto o passado recente da nossa economia) no limite da sua subsistência e que não vai ter nenhum receio de repassar custos. Isso sem contar o processo global de inflação pós-pandemia (ou inflação "pandêmica" global).
Sendo assim, seria melhor o Tesouro economizar no pagamento dos juros e esperar a inflação nivelar, deixando a SELIC como está. Mas é muito provável que o COPOM não resista à tentação de aumento de juros para tentar controlar o incontrolável.
As inscrições devem ser solicitadas por email. Participe!